27/02/2020

Estresse no trabalho: o manual para cuidar dos seus funcionários

Aqui, vamos mostrar como esse problema influencia os resultados e a melhor forma de lidar com ele no ambiente corporativo.

Fonte: SESI

A gestão de pessoas há muito tempo deixou de ser uma atividade voltada apenas para a folha de pagamento, o repasse de benefícios e o controle de faltas. A preocupação atual está mais voltada com a qualidade de vida e o bem-estar dos colaboradores — e um dos motivos que justificam essa medida é o estresse no trabalho.

Os impactos do esgotamento físico e mental são evidentes. A empresa produz menos, as entregas têm baixa qualidade e o profissional deixa de oferecer bons resultados. A questão é que a demissão nem sempre é a melhor alternativa.

Muitas vezes, o cuidado com os funcionários é suficiente. Afinal, mais que ser causado pelo ambiente corporativo, o estresse é gerado por diferentes variáveis, muitas vezes, pessoais. Quando a empresa oferece o suporte adequado, o colaborador se sente confiante e tem mais felicidade no trabalho.


Os dados sobre estresse no trabalho no Brasil

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já definiu o estresse no trabalho como uma doença. Em maio de 2019, a chamada síndrome de burnout — derivada dessa primeira condição — foi listada na Classificação Internacional de Doenças (CID). Sabe por quê?

Um dos fatores é o número de pessoas estressadas no trabalho e fora dele. Segundo levantamento da International Stress Management Association Brasil (Isma–BR), 72% dos brasileiros que estão no mercado de trabalho têm sequelas geradas por esse problema.

Do total, 32% sofrem de burnout, caracterizado como o esgotamento excessivo. Apesar disso, 92% de quem sofre a síndrome continua trabalhando. Além disso, os sintomas de ansiedade estão bastante presentes.

Conforme outra pesquisa da Isma–BR, 47% dos brasileiros têm algum nível de depressão e 9 em cada 10 sentem sintomas de ansiedade, que podem ir do grau mais leve ao incapacitante.

Nos Estados Unidos, o cenário é bastante parecido. Um levantamento da Paychex demonstrou que mais de 60% dos trabalhadores se sentem estressados por três ou mais dias úteis da semana.

É claro que todos esses dados se referem ao ambiente corporativo. No entanto, o estresse não é causado apenas pelo trabalho. A origem é multifatorial e não tem tratamento específico, mas pode ser amenizado a partir da adoção de boas práticas.

Por enquanto, é possível comparar o estresse com uma força de tração exercida sobre uma corda. A física explica que, quando isso acontece por período indeterminado, é gerada uma tensão. A mesma ideia é aplicada para as pessoas.

As diferentes situações passadas no dia a dia — como trânsito, trabalho, escola, problemas de saúde, problemas financeiros, contratempos familiares, etc. — geram estresse. Por isso, o ambiente corporativo nunca deve ser visto como o único responsável por essa condição.

Para ter uma ideia, o professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), João Gabriel Marques, destaca que “o que mais determina o estresse são os comportamentos que assumimos no nosso dia a dia”. Ou seja, o estresse existe para todos, o que muda é a forma como as pessoas reagem e lidam com ele. Então, por que sua empresa precisa se preocupar com isso?

A resposta passa pelo surgimento de doenças. O professor destaca: “É evidente que pessoas que vivem sob muito estresse por circunstâncias de vida adoecem muito mais. Além disso, elas também enfrentam mais dificuldades cotidianas”. Essa afirmação é confirmada por dados.

De acordo com a OMS, os transtornos mentais são a terceira causa responsável por afastamentos de trabalho. No início, é apenas o estresse, que se reflete no ambiente corporativo. Depois, situações que ocorrem na rotina dentro e fora da empresa servem como gatilho e geram diferentes sintomas, como:

  •     mudança de humor;
  •     tristeza;
  •     insônia;
  •     apatia;
  •     perda de produtividade e interesse;
  •     descontentamento geral;
  •     choro excessivo;
  •     irritabilidade;
  •     isolamento social.

Para o Brasil, essa situação gerou um gasto de R$15,6 bilhões com despesas do INSS entre 2012 e 2018, considerando somente o auxílio-doença. Ao analisar outros gastos previdenciários, o montante chega a R$85 bilhões.

No número de afastamentos, o total chegou a 3.5656 pedidos em 2016. Por sua vez, em 2017, apenas de janeiro a setembro, as licenças para o tratamento de transtornos mentais e comportamentais concedidas chegaram a 8.015.

Com esses dados, fica claro que é preciso trabalhar o estresse no ambiente de trabalho. Ainda que a doença seja causada por diferentes fatores, é necessário ter uma atuação ampla, a fim de que a empresa contribua para a redução da pressão sentida pelo indivíduo e alcance melhores resultados ao mesmo tempo.
As principais causas de estresse no trabalho

A pressão sentida pelo profissional é derivada de diferentes fatores, conforme já destacamos. Os gestores não devem se sentir os responsáveis diretos. Ainda assim, é importante fazer uma avaliação do ambiente para verificar possíveis gatilhos, que, ao serem acionados, prejudicam o desempenho e a motivação no trabalho.


Estímulo a ações laborais na empresa

Os sintomas do estresse ocupacional são variados. Em alguns casos, pode levar à depressão. Em outros, ao aumento da pressão arterial, à redução da imunidade, ao acúmulo de gordura, à elevação da frequência cardíaca, entre outros.

De toda forma, a empresa pode incentivar ações específicas, que surtam efeito na redução do estresse. É o caso de criar um grupo de corrida ou de futebol, realizar um campeonato para os colaboradores e implementar a ginástica laboral — parar por 10 a 15 minutos ajuda a manter a concentração e tira a cabeça dos problemas. Em outros casos, pode ser interessante estimular atividades de atenção plena ou prática de mindfulness.
 

Criação de campanhas de comunicação

A comunicação é importante para todas as ações laborais realizadas. Crie formas de apresentar as ações para todos os colaboradores, desde gestores até funcionários das equipes.

Aqui, vale a pena fazer um mapeamento interno para verificar a situação das equipes. Ofereça ajuda àqueles diagnosticados com estresse organizacional. Se necessário, faça palestras e oficinas sobre o assunto e pense em encaminhar para atendimento psicológico quando for o caso.

Lembre-se de que todas as ações desenvolvidas devem envolver a gestão da saúde emocional, o que requer o comprometimento da liderança. Ao fazer isso, todos estarão preparados para conversar sobre o estresse no trabalho e poderão procurar ambientes sérios e que forneçam informações relevantes sobre a qualidade de vida. O resultado é uma ação conjunta, que surtirá os efeitos desejados.