11/11/2022

Proteção Auditiva: Fragilidade na proteção – Ed. 371

Protetores auditivos de qualidade não faltam no mercado, mas é preciso avançar na seleção e uso adequado destes EPIs.

Reportagem de Marla Cardoso publicado na Revista Proteção

Considerado um dos mais frequentes riscos ocupacionais, o ruído pode provocar diferentes respostas nos trabalhadores quando está presente no ambiente laboral acima dos limites de tolerância estipulados pelos anexos da NR 15 (Atividades e Operações Insalubres).
Zumbido agudo, mudanças temporárias e permanentes do limiar, que podem ocorrer após altas exposições, Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), além de efeitos à saúde como estresse, alterações no sono e irritabilidade são alguns dos problemas que podem acometer a saúde de quem trabalha exposto ao ruído.

A realidade demonstra fragilidade na proteção contra este agente físico, presente em setores em que a utilização de máquinas e equipamentos é uma constante.

Desenvolvidos para proteger a saúde auditiva dos trabalhadores, o uso dos protetores auditivos está previsto na NR 6, que determina os tipos de EPIs indicados para diferentes exposições. Além disso, duas NBRs da ABNT também descrevem o método de ensaio a ser realizado em laboratório para estimar a atenuação de ruído dos protetores e como calcular a estimativa de nível de exposição ao ruído utilizando o produto. Tudo isso para garantir que esses EPIs sejam efetivamente seguros. Mas, antes disso, há dois pontos que não podem ser ignorados para que a segurança auditiva seja efetiva: a escolha conforme o ambiente laboral e a fisiologia do trabalhador, e a correta utilização do equipamento. E, nestes pontos, há que se avançar.

A história aponta que o primeiro protetor de inserção de ouvido foi criado em 1884, na Alemanha. Era um plug esférico que se encaixava dentro do canal auditivo. Já naquela época, percebeu-se a necessidade de diferentes tamanhos de protetores, levando em conta a anatomia humana. Por isso, variações foram descritas nos anos seguintes, como durante a Segunda Guerra Mundial, que estimulou a pesquisa de desenvolvimento dos protetores de inserção. Com o passar do tempo, outros modelos surgiram, como o tipo concha, capa de canal e comunicadores. As matérias-primas e tecnologias também foram aprimoradas, mas ainda hoje a escolha do protetor adequado é um desafio, já que cada trabalhador possui características fisiológicas específicas, impactando na correta vedação destes Equipamentos de Proteção Individual.

Cada vez mais preocupados com a efetiva segurança dos protetores auditivos, os fabricantes têm buscado a inovação em materiais e modelos, que inclusive conferem mais conforto aos trabalhadores. O engenheiro de Segurança do Trabalho, higienista ocupacional, engenheiro de Aplicação da Divisão de Segurança Pessoal da 3M para a América Latina e coordenador da Comissão de Estudos de Normatização de Protetores Auditivos do CB-32, Rafael Pol Fernandes, lembra que, antigamente, materiais muito mais simples e menos padronizados, eram utilizados para proteger a audição das pessoas. A fabricação de protetores auditivos, nos dias de hoje, envolve, em geral, processos produtivos padronizados e bem estabelecidos, bem como o uso de materiais diferenciados na busca pela proteção adequada.

“Junte nesse contexto, também a busca de alguns fabricantes em desenhar e fabricar produtos que protejam inicialmente e, mantenham a sua performance ao longo do tempo. Materiais como o silicone aplicado em protetores tipo inserção e hastes com o efeito “mola” para garantir a pressão adequada por mais tempo, são dois dos exemplos onde os materiais são componentes fundamentais para gerar a proteção, o conforto e a durabilidade”, afirmou Fernandes, que também é coautor do Guia de Requisitos e Parâmetros Mínimos para a Elaboração e Gestão do Programa de Conservação Auditiva, publicado pela Fundacentro em 2018. Outro exemplo, conforme ele, é a aplicação de espumas de expansão lenta na fabricação destes EPIs. Elas permitem que o protetor auditivo, mesmo que num formato único, assuma o formato, ou seja, se molde ao canal auditivo de cada usuário, proporcionando a vedação e o conforto adequados.