Diversos fatores contribuíram para a consolidação do trabalho de casa, mas ainda há dúvidas sobre os direitos e deveres desse novo modelo.
Em meados de 2020, com o início da pandemia de Covid -19, muitas empresas acabaram migrando para o home office, como solução para não fecharem as portas. Essa modalidade, dentro de um contexto em que as atividades podem ser realizadas à distância, acabou caindo no gosto dos funcionários e gestores, tanto que muitas empresas decidiram manter-se em home office, mesmo que com a situação pandêmica controlada. Diversos fatores contribuíram para a consolidação do trabalho de casa, mas ainda há dúvidas sobre os direitos e deveres desse novo modelo. Uma delas é referente a Saúde e Segurança do Trabalho (SST) e como fica sua aplicação e limites.
A responsabilidade das instituições para com o colaborador em home office não muda, é o que explica a coordenadora do curso Técnico em Segurança do Trabalho da Fundatec, Graziela Flores. “Partindo do princípio que o funcionário está em um ambiente de trabalho, a empresa continua tendo a mesma responsabilidade, mas agora ela precisará dar mais suporte ao trabalhador e certificar-se que ele está cumprindo as orientações estabelecidas”.
Ajustes para o home Office
Levando em consideração que a maior parte dos trabalhos à distância são de atividades administrativas, esse suporte se dá desde a infraestrutura, até as orientações com relação à postura e ergonomia para melhorar o ambiente e a qualidade do serviço. “Os ajustes da SST para o home office ainda não conseguem se dissociar do que já se sabe das necessidades que o trabalhador precisa”, analisa.
O trabalho da SST no modelo tradicional, constitui de o técnico estar presente nos ambientes de trabalho observando, verificando falhas e corrigindo quando necessário. Agora a empresa e o profissional da área terão que alinhar ações para conscientização dos funcionários sobre essa nova forma de se trabalhar. “Quando se tem um escritório com um grande número de trabalhadores em home office, o técnico vai ter que conversar com esses trabalhadores e pode até fazer uma escala de visitas a esse local de trabalho para ver como está o ambiente deles, se tem queixas ou necessidades de melhorias”, avalia Graziela. Ou seja, em algum momento deve se ter uma fiscalização desse posto de trabalho, pois agora faz parte da extensão da empresa.
Os acidentes de trabalho no home office acabam diminuindo pois ficam descartados acidentes de trajeto, mas não significa que não existam riscos. “Os riscos de se trabalhar em casa, onde o trabalhador vai usar o computador de forma administrativa, são mais de ergonomia, por exemplo, por má postura. Com o tempo a coluna pode sofrer consequências e, claro, pode haver um risco de queda neste ambiente de trabalho, mas que pode ser reduzido e/ou eliminado com orientações do técnico em segurança, atingindo assim níveis satisfatórios”, analisa a coordenadora.
NR-5
Uma maneira de prever possíveis acidentes seria a realização de avaliação e mapeamento do ambiente, conforme orienta a Norma Regulamentadora nº 5 – (NR-5 – CIPA), e o técnico pode auxiliar junto ao colaborador para um ambiente de trabalho mais seguro e saudável. “As NRs tiveram novas atualizações que contemplam a questão psicossocial e a avaliação de riscos como conforto, luminosidade, ergonomia e o estresse no trabalho. São novas inserções sendo aos poucos permeadas na sociedade para um benefício maior desse trabalhador em sua função laboral”, explica.
Enfim, as empresas que aderirem ao home office de forma integral devem se ajustar com relação a saúde e segurança do trabalho, buscando dar o suporte e informações para que essa “nova era” de trabalho seja benéfica para ambos. “É necessária uma comunicação bem assertiva com os trabalhadores e que eles também tenham esse comprometimento, comunicando falhas, queixas, oportunidades de melhorias, já que este novo modelo de trabalho, alterou a proximidade e fiscalização do trabalhador “on time”, que seria o acompanhamento em tempo real. Esse novo formato precisa de cuidados e observações diferenciadas para o bom andamento das atividades para ambas as partes”, finaliza Graziela.
Fonte: Revista Cipa