Produtividade e pró-atividade não só mensurados em resultados, mas também no comportamento dos colaboradores de uma empresa. Quem não pensa no fator humano está fadado não apenas em sofrer penalidades, mas a encontrar funcionários infelizes e doentes
Produtividade e pró-atividade não só mensurados em resultados, mas também no comportamento dos colaboradores de uma empresa. Quem não pensa no fator humano está fadado não apenas em sofrer penalidades, mas a encontrar funcionários infelizes, desmotivados e, pior, doentes.
O cenário é de se preocupar: relatório de Saúde Mental da OMS, de junho de 2022, mostrou que um bilhão de pessoas que viviam com algum transtorno mental em 2019 e que o trabalho amplifica questões sociais mais complexas que afetam negativamente a saúde mental como, discriminação e desigualdade. A pandemia de Covid-19 aumentou em 25% a ansiedade e depressão geral no planeta, segundo a entidade. Aqui, milhares de trabalhadores se afastam todos os anos em razão de doenças psiquiátricas desenvolvidas no ambiente de trabalho. Ansiedade afeta 18,6 milhões de brasileiros, e os transtornos mentais são responsáveis por mais de um terço do número de pessoas incapacitadas nas Américas, informa a OMS.
Cultura organizacional
Por isso, a cultura organizacional é um fator de forte impacto na saúde nas companhias, mostrando-se muito eficiente como um apoio à estratégia de negócio. Segundo pesquisa da PWC, 69% dos líderes disseram que esse foi o pilar essencial para atravessar o período pandêmico.
Em outro estudo, pela Futuro S.A (2022) revelou que 88% dos profissionais enxergam a cultura organizacional como fator de extrema importância dentro da estratégia. Na outra ponta, 73% desse grupo não vê ações para reforçar a cultura e 71% dos colaboradores entrevistados não conseguiram ver o comprometimento da liderança com os rituais e comportamentos que fazem parte da cultura da empresa. Além disso, 57% dos entrevistados declararam que não há investimento das altas lideranças para a disseminação da cultura.
Em evento online realizado pela Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação, em outubro de 2022, Karen Cesar, Chief Happiness Officer e Fundadora da RedBandana Branding e Design, ressaltou a relações de confiança dentro das corporações, algo muito importante não gera apenas performance e sustentabilidade dentro das empresas, mas ressaltam impactos positivos, que vão de encontro com as atividades do ESG. “Durante a pandemia, 2.9 milhões de pessoas pediram no Brasil pediram demissão”, pontuou.
Vendo esse cenário, parece estranho falar em felicidade dentro ambiente de trabalho, que hoje, é uma extensão da casa, o famoso home office. “Não adianta pensar em felicidade sem pensar em relações de confiança. Quanto maior o índice de confiança, maior a longevidade e produtividade dentro das empresas. É preciso trazer as pessoas no centro. É de pessoas para pessoas”, ressaltou Karen.
O “S” da questão
Muitas corporações, a fim de cumprir as exigências das estratégias ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance), esquecem que o “Social” engloba as pessoas que trabalham dentro delas. Como então avançar sem comprometer a saúde de seus colaboradores, o que inclui as próprias lideranças?
Eduardo Machado Homem, diretor da Do Safety, consultoria em Cultura, Gestão e Liderança, explica que é preciso entender todo o contexto dentro das organizações, não só com o propósito de cumprir uma meta ESG, mas aplicando ações eficazes. “Muitas empresas se apropriam de forma equivocada do termo ESG mediante o uso de técnicas de marketing e relações públicas, ao invés de investirem em iniciativas eficazes de redução de seus impactos na sociedade”, comenta.
A consultoria de Eduardo Homem, autor de “Faça Segurança: Cultura, Gestão e Liderança” (editora Telha), tem em seu escopo fazer diagnósticos da “Cultura de Segurança” dentro das empresas, observando a evolução e gestão de risco: “É preciso saber o estágio atual da organização e o objetivo final para trilhar um caminho e, independente da metodologia escolhida, a organização e seus líderes entenderão qual a cultura de segurança das equipes, o que fazer e como fazer para que as pessoas, os processos e ferramentas evoluam rumo a um ambiente seguro.Inspecionaremos as áreas para identificar comportamentos, motivadores, gatilhos e condições, além de aplicar uma pesquisa de opinião para identificar, com garantias estatísticas, qual o nível de cultura e maturidade na gestão de segurança”, informa o site da Do Safety.
Coesão e Coerência
Elaine Asato, especialista em cultura organizacional da Valem Consultoria & Treinamentos, esclarece que ter uma cultura organizacional bem definida favorece o desempenho e o alinhamento das equipes, além dessa construção auxiliar na atração e retenção de talentos. “A cultura organizacional tem conquistado maior relevância junto ao posicionamento estratégico das empresas, e existem oportunidades para se tornar ainda mais efetiva com práticas que reflitam essa cultura nas rotinas de todos os colaboradores, em especial das lideranças que são disseminadores naturais da cultura, através da liderança pelo exemplo”, comenta.
“O colaborador precisa se identificar e se sentir como parte daquele ecossistema em que ele está inserido”, corrobora Asato. “É assim que se consegue medir o sucesso de uma cultura organizacional, quando ela é facilmente reconhecida pelo seu corpo. Reconhecer o propósito que motiva o trabalhador é essencial”, frisa.
Sabemos que problemas e intempéries todas e empresas e pessoas se deparam, mas quando se há coerência, coesão e ações participativas de todos os atores, não só empresas se tornam mais saudáveis, mas todo um conjunto.
Fonte: https://revistacipa.com.br/cultura-organizacional-e-essencial-no-mundo-do-trabalho/