A pandemia da Covid-19 acelerou um processo que fez se reinventar mundo corporativo e também as questões trabalhistas: as formas diversas de atuação, que vão desde o remoto até o trabalho híbrido.
Isso é uma tendência que não tem mais volta; dados da pesquisa “Desafios do RH em 2023”, desenvolvida pela Atlas em parceria com a plataforma Think Work, 57% de um total de 69 empresas entrevistadas pretendem manter esses modelos de trabalho e ainda 14% almejam ampliá-los.
Contudo, funcionários e gestores não contavam com uma questão mais profunda: a sensação de pertencimento. Ou seja, como “vestir a camisa” se muitas vezes nem mesmo esses atores tiveram um contato presencial?
Percepção do pertencimento
“Pertencimento é aquela percepção de alguém fazer parte de uma comunidade, de uma família, de um grupo, de uma nação. Está muito ligado ao reconhecimento e a como um cidadão tem respeitadas a sua dignidade, a sua cultura, e as suas diferenças”, explica Miriam Debieux Rosa, coordenadora do Laboratório de Psicanálise, Sociedade e Política da Universidade de São Paulo, em matéria do Jornal da USP.
Em artigo do site Mundo RH, Ana Cláudia Oliveira, vice-presidente de Relações Humanas para o Brasil e Argentina para companhia de pneus Continental, escreve que existe uma necessidade de soluções e oportunidades para otimizar interlocuções com o suporte da tecnologia e os colaboradores, exemplificando que na empresa em que atua possui um vasto calendário de atividades virtuais: “qualificamos nossas lideranças para atuar melhor no mundo híbrido, se mantendo próximo e conectado com seu time. Também contamos com um programa de período sabático, licença não remunerada, como um período requerido pelo empregado para investir em questões pessoais, profissionais e/ou familiares”.
Para professora Miriam, na matéria da USP, o sentimento de pertencimento também ajuda na prevenção de alguns problemas de saúde mental, como a depressão e ansiedade. Por outro lado, não participar de um grupo promove várias modalidades de silenciamento. “Quando as pessoas são desqualificadas por fatores econômicos, religiosos, raciais e de gênero, esse lugar acaba naturalizando um lugar de subalternidade e de violências, de forma que vão aparecer angústias”, ressalta.
Engajamento
O fator humano é algo que precisa estar sempre alinhado com os propósitos de uma empresa, afinal “literalmente, a coisa mais importante que você tem são as pessoas”, arremata Alexi Robichaux, cofundador e CEO da consultoria BetterUp, em entrevista para o site Forbes. “O sentimento de pertencimento deve estar no centro de toda estratégia de capital humano”, aponta.
Pesquisa recente da BetterUp, divulgada na Forbes, com mais de mil trabalhadores nos EUA que atuam em período integral, mostrou que 40% das pessoas se sentem emocional e fisicamente isoladas no trabalho, de modo a descrever uma sensação que transcende gênero, idade e etnia.
Por essas razões, é primordial que as empresas invistam em atividades de engajamento de colaboradores, com ações que respeitem individualidades e experiências. “O aspecto mais significativo dessa cultura de protagonismo é que as pessoas se tornam embaixadores da marca, participam dos comitês de diversidade, dos grupos de afinidade, de projetos, entre outras inciativas que vem ganhando visibilidade, até a possibilidade de um intercâmbio com outras unidades globais da companhia”, conclui a especialista em RH Ana Cláudia.
Fonte: Cipa&Incêndio