Entre 2011 e 2022, foram registrados 1,5 milhão de imigrantes no País e, em 2022, ao menos 230 mil tinham emprego formal.
Trabalho decente é essencial e um direito a todas as pessoas, independentemente de sua origem. E para a população imigrante e os refugiados, o desafio é ainda maior, que vão desde a barreira linguística, passando pela verificação de condições laborais e o repúdio a aliciadores. Entre 2011 e 2022, foram registrados 1,5 milhão de imigrantes no País e, em 2022, ao menos 230 mil tinham emprego formal. Os dados são do Observatório das Migrações Internacionais.
Para sanar tais demandas, a comissão mista permanente sobre migrações internacionais e refugiados do Senado discutiu recentemente os gargalos na inserção desse público ao mercado de trabalho, como validação de diplomas, capacitação e ensino de português. “O Brasil tem uma legislação muito favorável. Refugiados e solicitantes de refúgio podem acessar desde um ponto de vista legal ao mercado de trabalho, porém, na prática, não é bem isso que acontece. O ambiente normativo é favorável, mas há diferentes obstáculos que, muitas vezes, vão impedir que estas pessoas de fato acessem a esses direitos”, explica Paulo Sérgio de Almeida, representante no Brasil da Acnur – Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, à rádio Senado.
Inclusão dos refugiados
Segundo o Acnur no Brasil, 80% dos afegãos refugiados têm pelo menos o ensino médio completo e 59% concluíram o ensino superior ou mesmo uma pós-graduação. Mesmo com qualificação, contudo, a maioria não consegue inserção no mercado de trabalho. Para Maria Beatriz Bonna Nogueira, chefe do órgão em São Paulo, não basta emitir a documentação dos afegãos, sem promover verdadeiramente sua integração à sociedade brasileira. “É um trabalho que só se concretiza com o engajamento de toda a sociedade. Não adianta ter direito à carteira de trabalho se uma carteira de trabalho recém-tirada, ‘limpa’, não é vista com bons olhos na hora da contratação”, acrescenta, em matéria da Agência Brasil.
Um exemplo positivo de inserção é o do Lingopass, edtech brasileira focada no ensino de idiomas para empresas, que aderiu ao Fórum Empresas com Refugiados, da Acnur, espaço destinado a companhias interessadas na inclusão de pessoas refugiadas na sociedade brasileira. Por meio da iniciativa, as companhias podem dialogar e trocar experiências entre si e têm acesso à capacitação para a contratação de pessoas refugiadas, além da possibilidade de compartilhar boas práticas na inclusão desses profissionais.
O Lingopass apoia os refugiados por meio do ensino de português, pensando na melhor inserção não apenas na empregabilidade, mas também na socialização.“Juntos, podemos fazer a diferença na vida daqueles que buscam uma nova oportunidade e um recomeço digno. Assim, trabalhamos por um mundo mais justo e inclusivo, onde todos tenham a oportunidade de prosperar e contribuir para a sociedade”, comemora Alexandrine Brami, co-founder & Chief Executive Officer da empresa.
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